• Perseguição
Aquele olhar.
Estou ficando louco — pensava
Aquele sorriso o perseguia.
E o pior, vinha com aquele olhar do tipo que nunca sabemos de onde vem ou para onde vai.
Se está olhando mesmo para a gente ou não, apesar de estar diretamente em nossa direção.
Ele olhava desconfiado, tentava fugir da linha de visão, mas era impossível.
Realmente ele, o olhar, o perseguia.
E o sorriso então!
Nunca conseguirei fugir — concluía
Chegou a mudar de personalidade.
Fingir ser outra pessoa poderia dar certo, afinal de contas ele era um ator.
Não deu certo.
A perseguição continuava.
Estava ficando cismado, estressado, acabrunhado.
Acabrunhado! Que raio é isso — pensou
Já nem raciocinava mais.
Seria só comigo — falava.
Porque comigo — questionava.
Porque não olhava assim para todos, sorria assim para todos. Era só com ele.
Não, ele não poderia continuar assim, não poderia deixar que o perseguissem daquela maneira.
Precisava fugir. Tinha que fugir dali. Rápido.
Sair da sua linha e visão, de sua frente.
Mas como?
Parecia estar hipnotizado. Preso até.
Começou a ficar nervoso.
Angustiado, fora de si.
Queria poder por um momento apenas esquecer.
Mas não dava mais. Tinha sido aprisionado.
Por aquele sorriso, aquele rosto, aquele olhar de monalisa.
Para Eddie Santana
Este conto foi publicado em uma coletânea de um concurso de minicontos e haicais da editora Guemanisse.
novembro 23rd, 2011 at 18:38
Conheço esse conto, já o li do material didático ^^
Legal saber que foi você quem escreveu!
Parabéns, além de tudo, você ainda me surpreendeu sendo uma ótima escritora *-*
Beijos, Alice.