• Elifas Andreato
“o que me encanta é estar vivo trabalhando e criando”
Elifas Andreato
Simplicidade, criatividade, beleza, arte e emoção: Elifas Andreato. Um encanto de pessoa, além de um profissional que dispensa apresentações. Encontrá-lo, estar frente a frente com ele e, mais que isso, conversar, abraçar e poder escutá-lo por mais de duas horas foi um sonho, uma realização. Enumerar a qualidade de seus trabalhos é desnecessário. Mas falar da poesia, do encantamento e do homem que existe por trás do artista, isso não é. Dono de uma história de vida que deve servir de exemplo à qualquer jovem, principalmente aos que desejam se aventurar por profissões relacionadas as áreas visuais, Elifas Andreato, possui uma humildade que poucos tem. Um olhar que expressa mais do que suas palavras dizem. Fácil perceber isso quando, ao se despedir, pudemos ver seus olhos se encherem de lágrimas. Confesso aqui, os meus também, mais de uma vez. Me emocionei com ele. Não apenas por estar na frente de alguém que sou super fã profissionalmente, mas por escutar sobre como lutou na época da ditadura, como foi trabalhar tendo a censura por trás dos seus ombros, a tortura, os anos de chumbo que se refletem em suas obras com uma doçura e inteligência inigualáveis.
“Até hoje eu sou um principiante (…) é sempre um mistério com as coisas surgem, como elas são feitas (…) eu faço parte de uma geração que lutou, alguns deram a própria vida para que a gente tivesse o país que a gente tem hoje, embora ele não seja o pais sonhado por nós”
Ouví-lo por horas seguidas falar de como criou e ainda cria seus trabalhos, como lida com a tecnologia que quase não usa, como a política acabou com seus sonhos e de como ainda acredita e tem esperança e, por isso, acha muito importante o contato com os jovens, que hoje vivem imersos na tecnologia. Elifas foi analfabeto até os 15 anos de idade, não possui curso superior mas é admirado e chamado para dar aulas, cursos em diversas universidades. Aclamado no meio artístico é uma estrela, um exemplo, não apenas nas áreas gráficas e é considerado o mais importante artista gráfico brasileiro da atualidade.
“a minha obra está sempre a serviço de outro artista” Essa sua obra pode ser vista em capas memoráveis de Chico Buarque, Elis Regina, Clara Nunes, Adoniram Barbosa, Paulinho da Viola, Dominguinhos, Martinho da Vila, Pixinguinha, Vinícius, Toquinho, entre tantos outros nomes que tiveram a honra de ter uma capa de disco de Elifas que também foi reponsável por capas de revista históricas e maravilhosos cartazes de teatro. Um deles sempre uso nas minhas aulas: o cartaz da peça Morto Sem Sepultura de Jean Paul Sartre. O cartaz, ao lado, foi proibido e recolhido com a justificativa de que “o pau de arara é invenção nossa”, frase dita com muito orgulho pela boca de um dos militares da censura. Esse encontro, desta fã com seu ídolo, aconteceu porque o convidei para dar a Aula Magna de 2008 do curso de Produção Multimídia da Unisanta, curso onde dou aulas e também coordeno. Tive a honra de fazer a sua presentação que, se vocês quiserem ouvir, está em no aúdio abaixo é apenas um pouco do currículo deste grande artista e grande homem.
Poderia ficar horas falando de Elifas, mas sua obra é maior do que qualquer texto, qualquer fala. Terminei esta noite mais apaixonada ainda por ele e pela arte. Arte de criar e de viver.
Para saber mais:
Andreato Comunicação e Cultura
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